Imagem: Trabalho artístico de Lúcia Aracheski
"As três pessoas que
compõe o ser único de Deus - o Pai, o Filho e o Espírito Santo - são chamados
de a Trindade.
A palavra "Trindade"
não aparece na bíblia. Os estudiosos criaram-na para descrever os três seres
que constituem Deus.
Através da bíblia, Deus está
presente como sendo o Pai, o Filho e o Espírito Santo - não são três
"deuses", mas sim três personas do único Deus (veja, por exemplo,
Mateus 28:19; 1Coríntios 16:23-24; 2 Coríntios 13:13).
As Escrituras apresentam o Pai
como a fonte da criação, o que dá a vida e Deus de todo o universo (veja João
5:26; 1 Coríntios 8:6; Efésios 3:14-15).
O Filho é retratado mais como a
imagem do Deus invisível, a representação exata do seu ser e de sua natureza e
o Messias redentor (veja Filipenses 2:5-6; Colossenses 1:14-16; Hebreus 1:1-3).
O Espírito é Deus agindo, Deus
alcançando as pessoas - influenciando-as, mudando-as internamente, enchendo-as
e guiando-as (veja João 14:26 ; 15:26; Gálatas 4:6; Efésios 2:18).
Todos os três formam uma
trindade, vivendo dentro do outro e trabalhando juntos para cumprir seu plano
divino para o universo (veja João 16:13-15).
A divindade de Cristo é
confirmada nas mais antigas pregações cristã, sob os termos “Senhor e Cristo”
(At 2.36, cf 4.12; 5.31; 10.36 etc.); e a mais antiga epistola de Paulo já
concentrou esta fé no significativo título “o Senhor Jesus Cristo” (1Ts 1.1,3;
5.23,28). A mais característica expressão, dada a esta crença, é a designação
“Filho de Deus” aplicada a Cristo, não somente pela Sua missão divina (Mc 1.11
cf Sl 2.7), mas também pela Sua divina natureza, envolvendo as verdades da Sua
preexistência e encarnação. E é digno de nota que o único exemplo daquele
título, no livro dos Atos, acha-se em conexão com a primeira pregação do
convertido Saulo de Tarso (At 9.20). O sentido é messiânico (cf. o seu
equivalente termo no Vers. 22, “o Cristo”). A visão, que Saulo teve na estrada
de Damasco, tinha-o convencido de que Jesus, o Messias, era uma pessoa divina.
E por isso a expressão “Filho de Deus” alcançou, para ele, uma nova
significação.
Logo nos primeiros dos seus
escritos aparece, sem ser coisa imposta, a natural linguagem de um fato
admitido (1Ts 1.10; Gl 1.16; 2.20; 4.4,6; 1 Co 1.9; 15.28; 2 Co 1.19; Rm
1.3,4,9; 5.10; 8.3,29,32; Ef 4.13). Em nenhuma parte S. Paulo apresenta uma
doutrina especifica acerca da pessoa de Cristo, mas as citadas passagens
(especialmente Rm 8.3; Gl 4.4; 1 Co 15.28, e também 1 Co 8.6; 2 Co 4.4; 8.9; Fp
2.6 a 11; Cl 1.13 a 19), claramente mostram que, para ele, “era Cristo um Ser
verdadeiramente único, que, antes de vir ao mundo, partilhava da divina
natureza e glória, e que depois, na Sua sublime ressurreição, foi simplesmente
ocupar, de um modo maravilhoso, a dignidade que corresponde à Sua essência e
direitos inerentes.
E não se torna necessária uma
circunstanciada prova de que esta maneira de ver, a respeito de Cristo, foi
aceita e desenvolvida pelos outros escritores do Novo Testamento” O próprio
tema do autor da epistola aos Hebreus é a necessária finalidade de uma
revelação pelo “Filho de Deus” (Hb 1.1 a 4, e passim); o prólogo ao evangelho
de João, com a sua proclamação do “Verbo” feito carne, e a mensagem de Deus aos
homens por meio do “unigênito do Pai”, prepara-nos para a elevada Cristologia
de todo o evangelho e da primeira epístola.
Sem referência a quaisquer
contestadas passagens, pode de um modo decisivo mostrar-se que Jesus possuía a
qualidade divina para os escritores do Novo Testamento Eles conservavam
fortemente o monoteísmo da religião hebraica: para eles havia “um só Deus” (Rm
3.30; 1 Co 8.6; Gl 3.20; Ef 4.6; 1Tm 2.5; Tg 2. 19); mas também havia “um só
Senhor” (1 Co 8.6; Ef 4.5) de tal modo essencialmente relacionado com Deus, em
tudo o que se refere aos homens, que a bênção apostólica toma naturalmente a
forma dual: “a todos os amados... Graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do
Senhor Jesus Cristo” (Rm 1.7; 1 Co 1.3; 2 Co 1.2; Gl 1.3; Ef 1.2; Fp 1.2; 1 Ts
1.l;2Ts 1.2; 1 Tm 1.2; 2Tm 1.2; Tt 1.4; Fm 3).
Além disso, a história da
Igreja cristã tem o seu principio no dia de Pentecostes, com o derramamento do
Espírito Santo, “a promessa do Pai”, anunciada por Jesus (At 1.4; 2.33; Lc
24.19).
Não é nosso propósito
pormenorizar aqui o ensino do Novo Testamento a respeito do Espírito. Falando,
porém, no sentido lato, a operação de Deus no mundo, para santificar e
fortalecer os homens, é atribuída ao Espírito; ora o Espírito é Deus, operando
no mundo.
Dois pontos necessitam de
especial menção:
(1) Nas passagens que acabamos
de citar, o dom do Espírito está em intima conexão com a elevação de Cristo.
Foi em virtude de Jesus ter passado pela morte para o Seu lugar á mão direita
de Deus, que ao homem é possível uma vida divina, cheia de energias do
Espírito. É isto confirmado pela doutrina do quarto evangelho; “o Espírito até
esse momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado (Jo
7.39); “Mas eu vos digo a verdade:
Convém-vos que eu vá, porque se
eu não for, o Consolador não virá para vós outros [O Paracleto, isto é, o
advogado, auxiliador ]; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei” (16.7; cf
14.16,26; 15.26). Isto é apenas outra ilustração do que já se disse com respeito
á deificação de Jesus, tendo-se mostrado que a expressão “Espírito de Deus”
pode ser trocada por qualquer destas “Espírito de Jesus”, “Espírito de Cristo”,
“Espírito de Jesus Cristo” (At 16.7; Em 8.9; Fp 1.19), e que em 1 Jo 2.1, o
próprio Jesus Cristo é o “Paracleto”.
(2) Ao lado da doutrina pela
qual o Espírito parece identificar-se com a operação de Deus, ou de Cristo na
Sua exaltação, achamos uma concepção que distingue do Pai e do Filho o Espírito
Santo. Esta idéia está encerrada nas passagens já apontadas, e acha
desenvolvimento nos ensinos de Paulo; se não é isso numa consistente doutrina,
é-o pelo menos numa quase personificação do Espírito. A Sua operação na alma
dos crentes é um trabalho pessoal (1 Co 2.13; 12.11; Rm 8.9, 14, 16. 26). Ele é
igualado com Deus o Pai, e com Cristo, o Senhor (1 Co 12.4 a 6; Ef 4.4 a 6). A
habitual bênção dual, que já citamos, não completa a concepção de Paulo com
respeito à Divindade; uma vez somente ele dá inteira expressão a sua fé com a
triplicada fórmula, hoje tão familiar, ‘A graça do Senhor Jesus Cristo, e o
amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós” (2 Co 13.13;
cf. a fórmula batismal de Mt 28.19).
São, pois, estes os dados para
a doutrina da Trindade: o reconhecimento de um só Deus, sendo feita, contudo, a
distinção, dentro da Divindade, entre Pai, Filho, e Espírito."
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