Jó 5:1 – “Chama
agora: há alguém que te responda? E para qual dos santos te virarás?”
Do céu se
despreende uma elegia desesperada.
A face maravilhosa
de Deus vem do muito fundo da noiteFala-me do mistério do amor translúcido.
Do fundo da carne o sonho rompe uma ferida,
Espinho - carne
Um grito desorientado rasga-me o peito.
Fecharam-me as portas;
Da vida só tive a lividez da imobilidade da lua,
A plenitude dos fluxos loucos da imaginação humana,
Na angústia das planícies a visão consoladora da ausência Dele.
Tive horas em que
o medo poderia ser para sempre
Desespero cujo
crime soava cruel -Sufocava aquele desejo de liberdade que queimava
Corpo aprisionado em pecados que se vestiam de ausências cruas.
Sem três – deuses
Mistério
Dor prolongada
loucamente em transe,Aquela fúria pálida da fatalidade do destino
Onde a morte encontra a desintegração da vida.
Bem sei que poderia morrer imediata e silenciosamente
Sem céu
Escutando de algum lugar o choro delicado do meio da vida.
Sem esperança
Sem Cristo
Mas alguma coisa em mim me chamava
E eu fui por aquela janela.
Perdi o equilíbrio
da luz na liberdade alheia,
Aceitei
melancolicamente a doçura da fuga eterna.À sombra dos gestos sem contentamento
Falei do grande afeto que ficou no azul,
Cristalizei lágrimas no transbordamento das carícias,
Arranquei os véus da alma na fascinação das promessas.
Fui feliz em um repouso quieto, em um pulsar cálido,
Na paixão de tudo nos ermos da noite,
No falar sobre a antiga mágoa suspensa na distância que a vida criou.
Fria de vida na
impossibilidade da multidimensão,
Na perspectiva sem
fim do mediato do mistério,Na tortura plástica do espaço vazio...
... Jogo-me na
certeza da estrada percorrida
No plasma múltiplo
da angústia sonora,Capaz de todas as buscas...
...Te
reencontrarei delicadamente...
(Christiane M. Lopes)
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