sexta-feira, 1 de junho de 2012

A INCOMUNICABILIDADE DIVINA


O mundo espiritual é perversamente silencioso. Olho para os santos nos lugares celestiais e eles me devolvem o olhar, inertes. Os anjos dão suas gargalhadas, acredito, mas essas não ecoam no lado de cá. Existe um tecido entretecido negro que nos separa do mundo angelical, dos seus burburinhos, de suas festas; que nos separa do divino! Aqui ele é mudo, perversamente mudo. Tento entoar a música clássica, mas me vejo fazendo solfejo morto, para mim mesma, numa espécie de arremedo ridículo do que sou. Com extrair de mim mesmo o silêncio contrito extraordinário? Não, não há solução. Olho para todos por quem Jesus morreu e eles me olham parados. Como estabelecer conexão com a incomunicabilidade de Deus? Minha fé é grosseira. Meu corpo ainda é testemunha: com o tédio mais dilacerado do mundo, chamo por Deus numa língua inútil. (Chris divagando - madrugada fria!)
(Christiane M. Lopes)

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